28 de junho de 2010

Tudo isto é muito relativo comparado com a vastidão incomensurável da confiança em Deus e da capacidade de vivência interior

«O sofrimento exigiu sempre o seu lugar e os seus direitos, e tem sinceramente alguma importância a forma que ele toma?
O que interessa é o modo como as pessoas o carregam e se uma pessoa lhe sabe dar espaço, continuando porém a aceitar a vida.(...)

Soa quase paradoxal: por causa de excluírem a morte da vida, as pessoas não vivem uma vida completa, e ao acolher a morte dentro da vida, ela fica mais rica e mais ampla... Podem tornar-nos as coisas algo complicadas, podem roubar-nos alguns bens materiais, alguma aparente liberdade de movimentos, mas somos nós que cometemos o maior roubo a nós próprios, roubamo-nos as nossas melhores forças através da nossa mentalidade errada. Através de nos sentirmos perseguidos, humilhados e oprimidos. Através do nosso ódio. Através de fanfarronice que esconde o medo.
Bem, podemos às vezes sentir-nos tristes e abatidos por causa daquilo que nos fazem, isso é humano e compreensível. Porém, o maior roubo que nos é feito somos nós mesmos que o fazemos.
Eu acho a vida bela e sinto-me livre. Os céus dentro de mim são tão vastos como os que estão por cima de mim... Não sinto que esteja nas garras de ninguém, só sinto estar nos braços de Deus - para dizer isto de um modo muito bonito - e, seja aqui à beira desta secretária que me é muitíssimo querida e familiar ou daqui a um mês num quarto despojado no bairro judeu, ou talvez num campo à guarda das SS, acho que irei sentir-me sempre nos braços de Deus. E pode ser que consigam arrasar-me fisicamente, mas mais do que isso não. E talvez caia em desespero e sofra privações que nem nas minhas fantasias mais delirantes eu consiga imaginar.
E contudo tudo isto é muito relativo comparado com a vastidão incomensurável da confiança em Deus e da capacidade de vivência interior

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