22 de novembro de 2010

Imagina simplesmente...


Uma gaveta atafulhada de roupa...
roupa que não é remexida nem arrumada há anos...
gaveta que foi acolhendo tudo, roupa nova, roupa menos nova, roupa de mudança de estação... enfim roupa... roupa que foste usando, vestido, emprestando, armazenando..
enfim roupa... muita roupa...
e eis que um dia cais dentro de ti... cais em ti...
...e notas que de facto a gaveta está mesmo muito desarruma...
...até roupa suja lá há... misturada com tudo o resto...
imagina uma gaveta atulhada de roupa... sem triagem nem selecção...
simplesmente roupa... muita roupa... alguma que até já nem serve...
...mas que teimas em vestir por baixo de outra maior...
ou ao invés, roupa que te fica excessivamente larga e que teimas em vestir por baixo de outra mais pequena, apertada...
e eis que um dia cais dentro de ti... cais em ti...
e notas que a tua gaveta está verdadeiramente desarrumada...
e notas que a tua roupa está fora de época, fora de moda, fora do contexto envolvente...
e... sentes-te verdadeiramente ridícula na tua roupa... na tua pele... no teu contexto...
...no armário onde está encaixada a tua gaveta...
e eis que um dia cais dentro de ti...
...e já não te conheces...
já não sabes o porquê da tua gaveta de roupa desarrumada, suja, velha, nova ou usada...
grande ou pequena... estar dentro daquele armário...
e eis que cais dentro de ti... cais para dentro de ti...
e não te identificas já... nem com a roupa, nem com a gaveta, nem com o armário...
...mas continuas a identificar-te imensamente com o fabricante de armários...

1 comentário:

C disse...

sinto-me "nua".